quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Ensinando a pescar

A responsabilidade social ganhou espaço no Brasil no final da década de 80, fatores como a globalização, que trouxe mudanças consideráveis ao cenário empresarial, criando uma nova reorganização do capital e um crescente aumento na competitividade mundial, junto com a degradação do meio ambiente e o aumento da pobreza, provocaram um repensar na postura ética das empresas frente à sociedade. 

Mais que uma postura visada pelo público, a responsabilidade social é uma filosofia organizacional, possui uma cadeia de valor e um comprometimento ético. Ajuda a manter um bom conceito na organização, ajuda uma comunidade a ter uma vida prospera e a geri-la melhor. Mas será que as empresas entendem e aplicam esses princípios como sendo responsabilidade social?
Trago como exemplo a THE BODY SHOP, que com sua criadora Anita Roddick, mostra a importância da responsabilidade social e o beneficio que ela traz a quem realmente se dedica a uma boa causa.

"A THE BODY SHOP foi criada em 1976 por Anita Roddick, filha de uma família de imigrantes judeus italianos, e seu marido, Gordon, que entraria na sociedade no ano seguinte, com um investimento inicial de US$ 6.500. Ela teve a idéia de vender cremes e loções para o rosto e corpo em pequenas embalagens. Usou pequenos frascos de plástico, desses utilizados para coletar urina, comprados de um hospital local, etiquetou-os e assim lançou modestamente 25 produtos. Além de usar receitas caseiras da mã
e, experimentou uma receita da atriz Julie Christie, que batia alface cozida com abacate para passar no rosto; e outra de Marlene Dietrich, cinzas de velas como sombra para os olhos. Para cabelos e pele, testou produtos com polvilho, azeite balsâmico, cânhamo e castanhas. Exatamente às 9:00 horas do dia 26 de março, a primeira loja da rede, que era minúscula e possuía um ar hippie, abria suas portas no número 22 da Kensington Gardens em Brighton no sul da Inglaterra, para vender produtos de beleza naturais. A cor verde, pelo qual a marca é identificada pelos seus consumidores, foi adotada para decorar a primeira loja por falta de opções, e acabou se tornando um símbolo da marca. O logotipo original e os rótulos dos produtos foram criados pelo estudante de arte Jeff Harris, que recebeu cerca de £20 pelo trabalho. A segunda loja foi aberta cerca de seis meses depois.


A THE BODY SHOP  inovou na forma de se relacionar comercialmente com as comunidades fornecedoras, unindo o uso de matérias-primas com o desenvolvimento sustentável. Há 15 anos a empresa usa o óleo de castanha-do-Pará produzido pelos índios Caiapós da Amazônia, além de comprar óleo de gergelim de fazendeiros de Chiapas, no México. A empresa trabalha, de forma sustentável, com 400 produtos, feitos a partir de matérias-primas adquiridas de 37 cooperativas de comunidade de 24 países em desenvolvimento. Outra ação que merece destaque teve início em 2002 quando a empresa começou a investir em energias renováveis e utilizar materiais reciclados nas embalagens de seus produtos.


Em sua primeira visita ao Brasil, em 1984, Anita foi convidada pelos índios Caiapós para visitar uma reserva florestal em Altamira estado do Pará. Apaixonou-se pela comunidade e resolveu criar alternativas econômicas para que os índios não precisassem viver do corte de madeira. Resolveu então transformá-los em fornecedores de matérias-primas utilizadas na confecção de produtos de beleza da rede, criando, em 1987, o programa Trade Not Aid, voltado para o comércio justo com pequenas comunidades fornecedoras de matéria-prima natural. A THE BODY SHOP chegou a ter parcerias com 37 comunidades no mundo, estimulando a utilização de óleo de gergelim da Nicarágua, manteiga de cacau de Gana, juta de Bangladesh, e castanhas dos Caiapós brasileiros. Seu envolvimento com as questões ambientais e sociais tiveram início em 1985 quando a THE BODY SHOP patrocinou pôsteres e campanhas do grupo ambientalista Greenpeace. "


O trabalho de responsabilidade social feito pela THE BODY SHOP, entra no conceito de uma filosofia ornanizacional e possui uma cadeia de valor. Mais do que aliar seus interesses com as comunidades que fornecem seus produtos, literalmente, Anita Roddick as "ensinou a pescar", as tornando auto-sustentáveis a partir dos produtos que forneciam. Infelizmente sabemos que essa não é a realidade para a maioria das empresas, que vêem a responsabilidade social apenas como uma obrigação e um abatimento de seus impostos. Espero que, no futuro, esta seja uma atitude afirmativa mais comum. No momento em que a sociedade aprender a dizer não às empresas que tenham apenas responsabilidades discursivas, elas imediatamente serão mais comprometidas com a sociedade ou não irão sobreviver em um mercado competitivo. 


Por Bruno Evangelista
Fontes: http://www.fiec.org.br/artigos/social/responsabilidade_social_empresarial.htm
http://www.sdr.com.br/HistoriasdasMarcas/112.htm
http://www.thebodyshop-usa.com/

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